O estudo das Escrituras Sagradas é essencial para o crescimento espiritual? Como posso estudar de modo mais frutuoso os textos bíblicos? Para que entender a importância de ler e estudar as Sagradas Escrituras, precisamos compreender primeiro como e por que ela foi criada.
Veja essa orientação que São Pedro faz aos fiéis: “Com efeito, nas Escrituras se lê: ‘Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e magnífica; quem nela confiar não será confundido’. A vós, portanto, que tendes fé, cabe a honra. Mas para os que não creem, ‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular, pedra de tropeço e rocha que faz cair’. Nela tropeçam os que não acolhem a Palavra; esse é o destino deles. Mas vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do reino, a nação santa, o povo que ele conquistou para proclamar as obras iráveis daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.” (1Pd 2,6-9).
Vemos nessa agem que a Palavra de Deus protege os corações atentos e fiéis a ela, de modo que não tropecem nas armadilhas do mundo e nos resquícios enganadores do pecado. Esses resquícios ficaram em nossa natureza humana desde a queda de nossos pais na fé, Adão e Eva. São Pedro, em sua segunda carta, continua a nos exortar: “Jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus.” (2Pd 1,21).
Por essa agem, podemos verificar que os relatos e narrativas presentes nas Sagradas Escrituras foram redigidos por homens, é verdade, mas inspirados pelo próprio Deus.
Deus fala numa linguagem que possamos compreender 322e27
Para comunicar-se com o homem, Deus foi se valendo dos dons que Ele mesmo concedeu à sua criatura de predileção: sensibilidade, inteligência, criatividade, memória, imaginação, de modos que pudessem ler e interpretar os acontecimentos, a partir da fé. Acontecimentos esses que nada mais são do que histórias pessoais e coletivas da salvação operada pelo próprio Deus. A palavra, então, antes de ser escrita pelo homem, foi um transbordamento de uma experiência de Deus vivida de modo concreto.
Olha o que São Paulo vai dizer: “Toda a Escritura é inspirada por Deus.” (2Tm 3,16). O Apóstolo quis dizer que Deus, por meio do Espírito Santo, inspirou homens que, no uso de sua inteligência e criatividade, registraram, por meio da escrita, os acontecimentos relacionados às grandes intervenções e ações de seu Criador e Senhor. E esta revelação referente à história da salvação da humanidade pode ser resumida em um nome: Jesus Cristo. Ele é o Logos, o Verbo Divino, a Palavra viva de Deus feita carne e entregue pela salvação das almas. Em Cristo, encontramos o cerne, a razão e o sentido das Sagradas Escrituras, por isso estudar é conhecer a Cristo.
Alma e coração da Igreja 164yv
Quem confiar nessa palavra, não será confundido. Ela, caso lida e interpretada no poder do Espírito e sob o prisma da primazia da Igreja, pode nos fazer dizer como o salmista: “A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus os e luz que clareia o meu caminho.” (Sl 119,115). Quem não lê, quem não acolhe e não vive essa Palavra, tropeça e cai. Esse é o resumo que poderíamos fazer desses ensinamentos do Salmo.
Normalmente, o que faz uma pessoa tropeçar é a falta de atenção, cegueira ou o desconhecimento do ambiente. A verdade é que a vida muitas vezes nos coloca em terrenos desconhecidos e escuros. Se me deixar conduzir e orientar pelo brilho da Palavra, terei mais chance de acertar o alvo e alcançar os objetivos plenos, pensados e desejados por Deus. Para tanto, a leitura e o estudo orante da Palavra de Deus é fundamental para o aprofundamento de suas verdades de fé e no conhecimento de Jesus Cristo.
Finalizamos esta matéria com o último parágrafo da Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a revelação divina, que trata exatamente dos efeitos esperados na vida de quem busca se aproximar piedosamente das Sagradas Escrituras: “Com a leitura e estudo dos livros sagrados, ‘a palavra de Deus se difunda e resplandeça’ (2 Tess. 3,1), e o tesouro da revelação confiado à Igreja encha cada vez mais os corações dos homens. Assim como a vida da Igreja cresce com a assídua frequência do mistério eucarístico, assim também é lícito esperar um novo impulso de vida espiritual, se fizermos crescer a veneração pela palavra de Deus, que ‘permanece para sempre’ (Is. 40,8; cf. l Pd 1, 23-25)”.
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