Contexto histórico 6b5w2v
Hoje a Igreja celebra a Solenidade de Pentecostes, o dia conforme nos salienta São Leão Magno, foi consagrado pelo Espírito Santo como o milagre excelente do seu dom que é celebrada desde os primórdio da História do povo de Israel, cinquenta dias após a festa da Páscoa. Como bem sabemos Cinquenta dias após a celebração da festa dos pães ázimos[1], os judeus já celebravam o pentecostes judaico conhecido com o Shavuot que significa, Festa das semanas, ou Festa das colheitas [2].
Hoje cinquenta dias após a Páscoa, celebramos o pentecostes cristão onde o Pai através da vida ofertada do seu filho vem mediante o seu Espírito realizar uma verdadeira obra de santidade, uma grande colheita em nossas vidas: os frutos de sua Ressurreição, pois todo o ramo que não dá fruto será arrancado, mais aquele que dá fruto será podado para que dê mais fruto (Jo 15). Esse Espírito é o amor efusivo que nasce do mais íntimo do coração de Deus, que nasce de suas entranhas tornando-se verdadeiramente o grande Ceifador Pascal, que realiza no coração do homem uma colheita fecunda.
Testemunho de unidade 2p395q
Os primeiros que fizeram a experiência efusiva com o fogo do Espírito Santo foram os apóstolos, com exceção do discípulo traidor, que cinquenta dias atrás testemunharam a experiência com o Ressuscitado que ou pela cruz. O grande sinal da Ressurreição para o mundo já não é mais exteriorizado simplesmente no túmulo vazio, e sim em nossas vidas. São nossas vidas que ao fazer uma profunda experiência do Ressuscitado que ou pela Cruz é sinal do Ressuscitado. Desse modo também podemos dizer que o local escolhido por Deus para manifestar a Efusão do seu Espírito não é exterior e sim interior, pois não se dá pelo simples fato de ocorrer geograficamente no cenáculo, e sim devido ao fato dessas testemunhas do Ressuscitado viverem essas experiência juntos. O cenáculo mais do que um lugar geográfico se torna hoje um lugar existencial, são a nossas vidas, reunidas e sustentada pela força do Ressuscitado.
“Como se completassem os dias de Pentecostes, estivessem todos os discípulos juntos no mesmo lugar, repentinamente se fez ouvir do céu um ruído como o de vento que soprava impetuosamente, e encheu toda a casa onde estavam. Apareceram-lhes então como línguas de fogo, que se pam sobre cada um deles; e todos ficaram cheios do Espírito santo, começando a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia falarem”[3]
É quando a comunidade está reunida em Cristo que o coração de Tomé é transformado, é quando nossa Fé em Cristo está em comunhão com Fé de Pedro que o poder dos infernos jamais prevalecerão. [4] A comunidade reunida torna-se testemunha efusiva do poder do Espírito que deseja colher no coração da comunidade os frutos da Ressurreição. A partir desse dia podemos contemplar essa efusiva experiência como salienta-nos São Leão magno:
“ ressoou a trombeta da pregação Evangélica. A partir desse dia as chuvas de Graças, os rios das bênçãos irrigaram todos os desertos e a terra inteira, pois a fim de renovar a sua face o ‘O Espírito de Deus Pairava sobre as águas’. E para a expulsão das trevas de antes coruscavam os relâmpagos da nova luz no esplendor das línguas flamejantes. Assim se manifesta a luminosa e ígnea palavra do Senhor, dotada de eficácia de iluminar e da força de abrasar, necessárias ao entendimento e destruição do pecado”.[5]
O Espírito Santo, pregador perfeito, como bem salienta São Leão Magno, supera a sabedoria humana, comunica uma linguagem que não só encanta, mas converte, um amor que não só toca nossas feridas, mas as curas. Um amor que sai das entranhas do coração do Ressuscitado e que ao encontrar a humanidade em situação de condenação, não dá sentença de morte, e sim rompe as portas do inferno gerando no coração da humanidade uma nova parresia, uma linguagem que só seremos capazes de compreender quando estamos juntos. Uma linguagem que nos leva ao coração de Deus, pois em Deus nada é dividido, por isso que é uma linguagem perfeita. porque ela nos leva ao mais íntimo de Deus, o lugar onde não há morte. O Sim ao ressuscitado quando é colhido em uma comunidade pascal, desfaz toda a lógica da morte, tornando-se berço do Espírito e lugar existencial que nos lança para os infernos do mundo levando consolação à humanidade.
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É nesse lugar existencial que o mesmo Espírito que pairava sobre a terra no início da criação do mundo, paira sobre o caos da nossa existência renovando nossa esperança e gerando nas nossas vidas uma experiência Recriadora, onde o Espírito faz novas todas as coisas.
Na história da Igreja, podemos observar inúmeras heresias que feriram o mistério trinitário, como o Arianismo, que negava a consubstancialidade entre o Pai e o filho, o monarquismo que negava a divindade de Jesus em um determinado tempo da história, afirmando que Jesus nascia homem e tornava-se Deus posteriormente. Entretanto, de todas as heresias, nada pior do que a heresia do Macedonianismo que negava o Espírito Santo, uma blasfêmia indigna de ser perdoada.
“A todo o que disser uma palavra contra o filho do homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste século nem no século vindouro”[6]
Fogo abrasador 4st3e
Segundo São Leão Magno, quem permanece nessa impiedade fica sem perdão, pois somente o Espírito é capaz de confessar a verdadeira Fé, somente ele é capaz de confessar Jesus, Verbo Encarnado, rosto misericordioso do Pai. A misericórdia de Deus é infinita, mas o único pecado que ela não alcança é o pecado não confessado, por isso que podemos dizer que o maior inimigo da misericórdia é a covardia. O Espírito Santo é o Amor que nasce das entranhas do coração de Deus e que vai ao encontro das entranhas do coração do homem, que o liberta de toda covardia concedendo ao homem um arrependimento sincero e eficaz, capaz de confessar Jesus Cristo como verdadeiro Deus.
Como já nos dizia Santo Agostinho, esse amor é o próprio Espírito que nasce da Relação do Pai, que é o amante, com o filho que é o amado. Essa relação trinitária expressa para cada um de nós a relação do Espírito Santo dentro de uma conotação Esponsal, pois um coração enamorado se enche de coragem. Faz parte da natureza do amor correr risco. O Espírito santo é o amor e, por isso, podemos assim dizer que ele é o Beijo esponsal que o pai dá no coração do filho. E beijados por este Espírito que reacende em nós um fogo abrasador, podemos ser inseridos na relação esponsal do Pai com o Filho.
Enamorados por esse fogo abrasador, como nos fala Santa Catarina de Sena, colocaremos fogo no mundo. Um fogo que vem destruir todos os infernos da nossas indiferenças, que vem incendiar os carvões da nossa existência, que atravessa as portas fechadas dos esconderijos de nossas covardias, gerando em nossos corações uma verdadeira parresia para que, colhendo o incenso do amor ofertado de seu amado filho, possamos exalar um perfume de santidade que atrai e seduz os “Tomés” do mundo moderno para o coração de Deus.
Pe. Fabricio Bezerra, missionário da Comunidade Católica Shalom em Missão em Montevidéu.
[1] A festa dos pães ázimos ou pão sem fermento é uma festa que mais tarde será celebrado pelos judeus no mesmo dia da festa da Páscoa da libertação, e posteriormente no mesmo dia que celebraremos a Páscoa cristã.
[2] Cf. Ex 23,16
[3] Cf. At2,1-4
[4] Cf. Mt 16,18-20
[5] MAGNO, São leão. Sermão sobre pentecostes.
[6] Mt 12,32
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