Para melhor aproveitarmos as orações e motivações deste tempo litúrgico, podemos nos aprofundar no sentido da espiritualidade do deserto, a fim de colhermos com mais fecundidade os frutos escondidos em meio a essa imensidão inóspita e desabitada.
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Já as antigas poesias árabes recitavam os desafios do povo beduíno para vencer o deserto, que parecia rejeitar a presença humana. A solução para aquele grande combate se dava a partir da consciência de cada homem sobre o seu “nada”, ato que unia-o de forma misteriosa ao grande nada que o rodeava naquela grande solidão.
Por sua vez, as Sagradas Escrituras apresenta-nos a peregrinação do povo hebreu em meio deserto não apenas como uma recordação de um acontecimento histórico, mas como um verdadeiro programa de vida para todos os cristãos: o trinômio êxodo-deserto-entrada na terra prometida é o caminho de todos os fiéis que peregrinam desde o exílio desta vida rumo à pátria celeste definitiva. E especificamente falando para a Comunidade Shalom, sabemos que o nosso carisma é eminentemente pascal, como sempre nos recorda o nosso fundador. Basta vermos que o “lugar” da Obra Nova é o deserto: “Eis que vou fazer uma obra nova, a qual já surge: não a vedes? Vou abrir uma via pelo deserto, e fazer correr arroios pela estepe” (Is 43,19).
No deserto, a motivação se fortalece h1d5k
Ademais, a Tradição conta-nos a profunda atração que os grandes místicos sentiam pelo deserto, não apenas porque lá evidenciavam a sua condição de peregrinos neste mundo, mas principalmente pela “ascese penitencial, contemplativa e escatológica do deserto” ou, em outras palavras, pela experiência de Deus que só poderiam encontrar naquele lugar desprovido de tudo.
Portanto, resta-nos aproveitar o que este belo tempo litúrgico tem a nos oferecer. É este o momento em que mais fortemente a Igreja nos convida à penitência, à oração e à caridade. É no deserto que, despojados de tudo, encontramos o Esposo de nossas almas mais livremente e onde Ele mesmo renova em nossos corações a esperança de entrarmos na terra prometida pelo vale de Acor, uma agem que, nos tempos de Josué, havia sido fechada pelo pecado de um dos integrantes do povo (cf. Js 7,1-26), mas que foi reaberta por Aquele que tomou nossos pecados sobre Si e nos redimiu de toda a nossa culpa: “Por isso a atrairei, a conduzirei ao deserto e lhe falarei ao coração. Então, lhe darei as suas vinhas e o vale de Acor, como porta de esperança” (Os 2,16-17a). Jesus cumpriu tal profecia na Cruz. A nós, resta-nos colher tamanhas graças de conversão, restauração e Salvação.
Uma santa Quaresma a todos!
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A Comunidade Shalom apresenta um itinerário formativo e oracional: o Retiro “Do deserto à Ressurreição”.
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