Me chamo Isaac Nicolas de Abreu Soares, tenho 28 anos e sou natural de Fortaleza. Graças a Deus, venho de uma família católica. Gosto de dizer, como São João Paulo II, que a minha família foi o meu “primeiro seminário”. Meus pais são consagrados com Promessas Definitivas na Comunidade de Aliança e frequentam a Obra Shalom desde os meus sete anos. Graças a eles, desde criança, fui acostumado a frequentar os Centros de Evangelização e os eventos da Comunidade, como o Renascer, o Halleluya. Jesus e Maria se tornavam pessoas familiares a mim e aos meus irmãos. Isso foi fundamental para o meu caminho de fé e vejo o quanto contribuiu para o descobrimento e vivência da minha vocação.
Foi também graças ao incentivo deles e de uma prima minha, que participei pela primeira vez do Acamp’s, o acampamento para jovens organizado pelo Comunidade. Foi ali, no dia 23 de janeiro de 2010, que fiz a minha primeira experiência forte e pessoal com o Amor de Deus. Naqueles dias, compreendi que tudo aquilo que me havia sido ensinado era real e não só. Naqueles dias de acampamento, pude fazer a experiência de um Deus que se faz próximo a mim, que deseja a minha amizade e pude sentir o quanto Ele era capaz de me fazer feliz.
Apesar de ter crescido nesse contexto de fé, o sacerdócio nunca foi um sonho de infância. Eu respeitava a figura do padre, mas nunca tinha sentido nenhum interesse por aquela forma de viver. Meu sonho de infância era ser jogador de futebol e, mesmo que, provavelmente, eu nunca viesse a realizá-lo, estava muito determinado. Costumava dizer aos meus pais que queria ser jogador não pela fama, nem por dinheiro, mas porque gostava muito de jogar e queria ter uma profissão que me fizesse levantar de manhã com paixão para realizá-la.
O meu chamado ao sacerdócio se deu, então, aos meus quatorze anos. Foi durante um Congresso de Jovens Shalom, que chamávamos na época Congresso Nacional da Juventude. Eu já estava frequentando um grupo de oração para jovens há cerca de um ano e, como disse, até aquele momento nunca tinha pensado em ser padre, mas naquele dia tudo mudou.
Um chamado que era definitivo 4x6m39
Durante um momento de adoração, quando o Santíssimo ainda estava entrando no Ginásio, fiz uma oração muito simples, onde confiava ao senhor várias realidades da minha vida. Entre muitas coisas, disse: “Senhor, te entrego também a minha castidade”. Naquele momento, eu estava confiando a Ele simplesmente as minhas lutas nesse campo, como todo jovem vive, não estava pensando em vocação. Mas, assim que eu disse aquelas palavras, me veio ao coração a pergunta: “E se Deus quisesse que eu ofertasse a Ele toda a minha castidade, se Ele quisesse que eu fosse celibatário, eu teria coragem?” Então, comecei a responder em oração: “Olha, Senhor, se você quiser, eu vou. Se você quiser, tudo bem”.
E, à medida que o momento de adoração foi acontecendo, aquilo ia crescendo dentro de mim, eu dizia sempre com mais determinação:
“Senhor, se você quiser, eu vou!”
Até que um irmão da Comunidade proclamou do palco: “Neste momento, o Senhor está inflamando o coração de um jovem pelo sacerdócio.” Quando ouvi aquelas palavras, senti o meu coração de fato “se inflamar”, não era um simples “disparo”, ou uma emoção. Era algo que eu nunca tinha sentido. Uma mistura de ardor, calor e desejo pelo sacerdócio.
Então, dizia para mim mesmo: “Sou eu! Sou eu! Acho que sou eu!”, e aquele irmão ainda completou: “Você está se perguntando se é você e o Senhor te diz: “Sim! É você!”. A partir daquele dia, tudo mudou e nunca mais saiu de mim a consciência de que Deus tinha me chamado ao sacerdócio. Essa experiência primeira foi fundamental para mim, sobretudo nos momentos de maiores desafios do caminho, onde cheguei a me perguntar se era realmente esta a minha vocação.
O meu tempo de vivência dentro da Obra Shalom, no caminho da paz, foi crucial para o amadurecimento da minha vocação. Foi na vivência do grupo de oração e no serviço, nos ministérios e nos eventos que o Senhor fez crescer o meu desejo pela Sua Vontade. Nesse período, foi muito importante para mim a figura de tantos irmãos de Comunidade, que exerceram o papel de verdadeiros pais e mães espirituais. Não posso esquecer também os muitos amigos que me ajudaram a perseverar nos caminhos do Senhor.
Em 2012, senti o chamado à Comunidade de Vida e, em 2013, fiz o caminho vocacional da Comunidade, ingressando no Postulantado em 2014.
Dentro da Comunidade de Vida, continuei o caminho de discernimento para o sacerdócio no tempo oportuno, e em 29 de outubro de 2016 ingressei no seminário. Vivi o meu primeiro ano em Salvador–BA e em 2018 fui para Lugano-CH, onde fiz os meus estudos até retornar para o Brasil em fevereiro de 2024.
Louvo a Deus por tudo que Ele me fez trilhar até aqui. Vejo o meu caminho como uma grande obra de conquista da Sua parte. Tudo é graça d’Ele! Não posso deixar de mencionar a presença forte e amorosa da Virgem Maria. Aproveito para agradecer também a tantas e tantas pessoas que fizeram parte do meu caminho vocacional. A todos o meu muito obrigado! Peço, por favor, que rezem por mim e pelos irmãos que serão ordenados comigo.
“E aos queridos e amados jovens, alegria de Deus e da Comunidade, quero dizer: não tenham medo!”
Deus é a nossa felicidade e a vontade d’Ele é melhor e mais apaixonante do que tudo. Não tenham medo de se deixar conquistar e fascinar por Ele, pois por Cristo vale a pena tudo e “quem quer guardar a sua vida a perde, mas quem perde a vida por amor a Ele, ao Evangelho é feliz!” Shalom!!