Sou Adson Buriol Zanuzo, nasci em 11/10/1986, na cidade de Ponta Porã–MS. Sou filho de Clélia Buriol Zanzo e Adi Mário Zanuzo. Tenho duas irmãs, Cinara e Anara. Fui batizado aos 3 meses no dia do Santíssimo Nome de Jesus (03/01/87), na cidade de Caiçara–RS. Até meus dois anos, morei em Ponta Porã. Depois, permaneci até os 14 anos em Chapecó–SC, onde tive a graça de receber a primeira Eucaristia em 1998 e confirmar a minha fé, em 2000, na Catedral Santo Antônio.
A partir de 2001, residi em Florianópolis, cidade em que tive a grande experiência da efusão no Espírito Santo, aos 17 anos. Experiência essa, que mudou toda a minha vida e me fez pedir a graça a Deus de segui-Lo pelos caminhos pelos quais Ele me enviasse. Não imaginava que o envio aconteceria, já no ano seguinte. Por seis anos, deixei a casa da minha família para estudar e me graduar em Medicina, na cidade de Pelotas–RS.
Nos anos em que permaneci lá, principalmente nos dois finais de estágio – que chamávamos de internato – percebi que o meu chamado seria ser instrumento de uma cura ainda mais profunda daquela dada aos enfermos de corpo e psique. Convivendo com pessoas enfermas ficava claro, para mim, que a maior alegria que uma pessoa doente pode ter, além de ter restituída a sua dignidade e saúde, era a possibilidade de encontrar o verdadeiro sentido da vida que, para mim, era e até hoje e o relacionamento diário com Jesus Cristo, no Espírito Santo em Deus Pai, na Igreja e no mundo Naqueles anos de universidade, entre 2005 a 2010, tive a alegria de ser acompanhado pelo responsável pelo propedêutico da diocese de Pelotas–RS em 2009 – Padre Eneias Carniel – e pelos freis capuchinhos de Florianópolis entre junho e agosto de 2010 – Frei Cássio Roberto Petekov e Frei Luiz Antonio Frigo.
Essa urgência em ser missionário foi tão forte que cogitei deixar a faculdade para anunciar o evangelho! Graças a Deus, Ele se expressou por meio das autoridades e, obedecendo tanto aos freis quanto ao padre, finalizei a universidade de Medicina em dezembro de 2010.
Em 2011, vivi uma imensa graça: enquanto fazia a Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), conheci a Comunidade Católica Shalom, na missão de Florianópolis, durante o evento de carnaval daquele ano. Não tenho palavras para agradecer a tantos missionários que foram canais da providência divina para eu compreender que o ímpeto missionário que existia dentro de mim estava ainda mais forte!
Decidi trilhar o caminho vocacional junto à comunidade naquele ano. Durante o ano de discernimento e aprofundamento na oração, na vida comum e na evangelização, eu percebi que era Shalom Comunidade de Vida. Após solicitar o ingresso à Comunidade de Vida Shalom no fim do processo vocacional, a comunidade deu-me como resposta viver em Fortaleza (missão de Fátima). Durante os seis meses que lá permaneci, pude aprofundar o chamado e decidir com mais conhecimento a vivência como Comunidade de Vida, se esse era, realmente, o caminho a ser trilhado.
Foram meses muito duros; deixar uma profissão, um clima, uma cultura e principalmente as pessoas que amo! No fim desse período, tive a alegria de reescrever o meu pedido para o postulantado na comunidade de Vida Shalom e em 2013 vivi o ano formativo no discipulado de Pacajus–CE.
Para minha grande surpresa, logo no primeiro ano após a casa de formação, a comunidade me enviou para a missão de Civita Castellana na Itália, próximo de Roma.
O primeiro ano foi de adaptação em todos os sentidos: de responsabilidades, aprendizado de uma nova língua e de me reconhecer em outro país, tão secularizado como a Itália. Em meio a esse processo, tive a graça da consagração em 19/04/2015 e aprofundei o discernimento para a concretização da forma de vida.
Quanto mais vivia em meio a situações adversas, mais percebia o quanto o chamado de Cristo era exigente, mas irresistível! Tive a graça de aprofundar as grandes convicções da minha vida, as quais mudaram, drasticamente, desde que conheci a vida em Cristo. Até então, tinha a certeza de viver no Sul do Brasil e da profissão mais bela que existia, para mim, o ser médico. Isso, tudo, ficou em um segundo plano para o ser missionário.
Afirmava que me casaria e teria filhos e poderia viver próximo de meus pais e minhas irmãs (hoje casadas e com filhos). Grande foi minha alegria, aos vislumbrar que minha vida seria mais feliz com a oferta dela no serviço do sacerdócio devido aos motivos:
a) a graça de conduzir as pessoas para serem mais próximas de Deus
b) proporcionar o o de tantas pessoas à Eucaristia e
c) o serviço aos doentes pelo sacramento da unção dos enfermos e proporcionar aos penitentes o perdão divino por meio do sacramento da Reconciliação
Certo de que o chamado era o sacerdócio, fiz o retiro dos candidatos oferecido pela Comunidade Shalom, em outubro de 2015 e recebi a resposta de que fui acolhido como seminarista, mas iniciaria o meu percurso em Estágio Pastoral, na própria missão de Civita Castellana por mais 2 anos. Os estudos iniciaram-se em Roma em outubro de 2017 e mudei-me para a capital italiana em janeiro de 2018. Lá vivi até julho de 2022, finalizando o curso de Teologia na Pontifícia Universidade Lateranense.
Nesse período, pude fazer as Promessas Definitivas como comunidade de Vida Shalom, em abril de 2021. O retorno ao Brasil, em 2023, foi de reinício e uma, ainda maior, readaptação ao meu país de origem. Muitas experiências – dolorosas e jubilosas – foram vividas nesse período na Diaconia Geral da Comunidade Shalom em Aquiraz–CE.
Aqui, também, iniciei a servir junto à Assistência Comunitária também como médico e crescer nos aspectos fraternos e contemplativos dentro da comunidade. Nesses últimos anos pude me preparar ativamente para as ordenações; culmines a nossa vida seminarística. Deus me surpreendeu muito ao dar-me a oportunidade de ser ordenado diácono em 17 de maio de 2025, juntamente com Isaac Nicolas de Abreu Soares e Rafael Silva César. Isso é uma grande manifestação da misericórdia de Deus para comigo e sou eternamente grato a ELE e, também, ao nosso amado Arcebispo Dom Gregório Paixão, OSB, ao arcebispo emérito Dom José Antônio Aparecido Tosi Marques e à Comunidade Católica Shalom; minha família.
Finalizo essa partilha com um grande agradecimento às pessoas que me ajudaram nesse processo formativo: aos irmãos padres formadores (especialmente Padre João Wilkes, Padre Denys, Padre Edie, Padre Karlian, Padre Romulo e Padre Edinardo), aos irmãos seminaristas (principalmente aos meus colegas de filosofia e teologia em Roma, hoje os Padre Victor, Padre Francisco Thiago e Padre Vitor Aragão), ao Conselho Geral da Comunidade (agradeço-os nominando o nosso fundador e moderador geral Moysés Louro de Azevedo Filho e a nossa co-fundadora Maria Emmir Oquendo Nogueria) e aos irmãos benfeitores, muitos desconhecidos por mim, outros que convivi e criei grandes vínculos fraternos, como a família Santili em Roma (Valter, Maria, Fabio, Gabriele e Maria).
Vêm-me, ainda, à memória muitos outros irmãos que me ajudaram nessa caminhada até hoje e são manifestações da misericórdia de Deus e cuidados paternos e maternos para mim (Marcelo Davi, João Bala, Carolina de Oliveira, Esio Holanda, Ana Telma, Pe. Romulo dos Anjos, Socorro Cruz, Renilson e Lorena, Padre Livandro, Sara Ponzo, Erick Rebouças, Fabio Rosa, Chiara Clementoni, Rawan Naber, Rosario Mariano, Bruno Palaia, Valentina Paolelli, Nathanael Depierre, Maylis Vigoroux, Roberto e Maria Teresa Fiore, Rodrigo dos Santos, Pe. Adauto, Pe. Saulo, Ana Patricia Formolo, Ana Claudia Oliveira, Giannini de Araujo, Bertrand Wadi, Rafael Vendrameto, entre tantos outros que sabem serem especiais para mim).
Agradeço, especialmente, à minha família. Já são 21 anos residindo longe deles e quantas ofertas fizemos nesses anos; mas como essas ofertas têm valido a pena e sido fecundas! Sou grato aos meus pais Adi e Clélia que nesses 42 anos de Matrimônio, são referências de amor e respeito mútuos; às minhas irmãs, cunhados e sobrinhos (Cinara e José Allison, Giovanni e Pietra; Anara e Filipe, Lucas, Maria e Pedro) e a todos os tios e tias, primos e primas o meu muito obrigado e perdão por tantas ausências nestes anos todos.
Por fim, um agradecimento aos meus intercessores no céu e exemplos de seguimento a Cristo e de confiança à Maria Santíssima: a Vó Gema e o Vô Alfeu e a Vó Célia e o Vô Pio.
Encerro dizendo que é muito bom ser amigo de Cristo e é a exemplo dEle que desejo viver esse versículo bíblico que inspirou meu lema da ordenação diaconal:
“Não há amor maior que dar a vida pelos seus amigos (cfe Jo 15, 13)”.
É aqui que reside a alegria e a paz: permitir que Cristo seja o nosso bem mais precioso e fazer aquilo que Ele nos propõe como caminho de Santidade. Shalom! Deus nos abençoe e Maria cuide de cada um de um de nós!
Por Adson Buriol Zanuzo