Em uma de suas missões populares, São Luís Maria Grignion de Montfort disse que « assim como os cedros do Líbano são maiores do que todas as demais árvores, assim serão os santos dos últimos tempos em comparação com os primeiros santos”. Eis-nos no terceiro milênio! E a Igreja se preparou para o novo milênio com muitíssima santidade que o Espírito inspirou no século XX: 70 milhões de mártires pela fé (mais do que todos os outros séculos juntos!). Mártires de sangue, mas também grandes santos que não derramaram o sangue mas viveram uma santidade profunda. Muitos fiéis de uma alta santidade, que viveram o martírio de sangue ou o martírio branco, como por exemplo, São Maximiliano Kolbe, o Beato Karl Laisner, Santa Edith Stein, a serva de Deus Clara de Castelbajac, os Santos Padres Pio XII, João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II.
Contemplamos também Santa Elizabeth da Trindade, Santa Teresa de los Andes, os casais Luigi e Maria Quatrochi et os santos Luis e Zélia Martin, Santa Giana Bereta Mola, São Padre Pio, a serva de Deus Marta Robin, São Charles de Foucauld, os 7 monges mártires de Tibhérine, na Argélia. Temos os santos Francisco e Jacintha Marto de Fátima, Santa Madre Teresa de Calcutá, o Rei Bauduino, da Bélgica, que foi um governante cristão exemplar, o médico Jerônimo Lejeune, que descobriu a causa da Sindrome de Down, todos os fetos mortos ainda no ventre de suas mamães, mártires inocentes dos tempos modernos, os futuros santos Pier Giorgio Frassatti e Carlo Acutis (este que partiu para o Céu já no terceiro milênio), São Oscar Romero, assassinado na América Central apenas por ter defendido os pobres, o seminarista Marcel Van, morto em « campo de reeducação » no Vietnam, Santa Maria Goretti, morta por ter defendido a castidade, e que perdoou seu assassino antes de morrer, além da multidão incontável de homens e mulheres que viveram sua fé heroicamente sem chamar a atenção para si , no século ado. Homens e mulheres que conhecemos, que deram suas vidas incondicionalmente ao Senhor.
Lembremos também de todos esses jovens que viveram heroicamente a castidade em seus corações e que transbordaram essa castidade na continência antes do matrimônio e na fidelidade durante a vida de casado. Em uma sociedade que vende o corpo como um produto de consumo, eles ousaram permanecer fiéis ao desejo de um Amor que não é superficial, e por isso profundamente digno deles!
Façamos memória de todas essas famílias que permaneceram fiéis à sua fé, enquanto a maior parte dos homens tem vergonha de proclamar que seguem Jesus.
Lembremos dessa multidão de sacerdotes que se consomem no exercício do ministério, confessando dia e noite, celebrando, escutando, consolando, evangelizando, permanecendo fiéis do início ao fim de suas vidas, do mais humilde padre do interior até o Santo Padre João Paulo II.
São os santos que nos introduziram com seu sangue, suor e santidade no terceiro milênio da era cristã. O que podemos esperar do milênio que é fruto de tanta santidade, de tantas lágrimas, de tanto sacrifício? Se Deus nos presenteou com um Santo Agostinho nos primeiros séculos da era cristã, fruto das lágrimas de sua mãe Santa Mônica, o que devemos esperar como fruto de milhões de grandes santos, frutos de seus sacrifícios escondidos? « Ē o sofrimento que gera almas para Jesus! », dizia Santa Teresinha.
Pois bem, já podemos ter uma ideia dos frutos que o Espírito nos dá a contemplar. Sim, belos frutos de santidade. Em 25 anos, os martírios se aceleram, as sementes de novos santos continuam a serem lançadas na terra do nosso coração. Podemos ver nesses primeiros vinte e cinco anos muitos mártires pela fé, e muitos deles jovens que morreram por Jesus! Vejamos alguns exemplos:
Por sinal, os fundamentalistas islâmicos na Nigéria têm sequestrado e massacrado milhares de cristãos ao longo dos últimos anos. Os números não são precisos, o que infelizmente nos faz crer que os mártires são mais numerosos do que imaginamos.
No dia 7 de março de 2023 o relatório da ONG ‘’Portas abertas’’ fala de 360 milhões de cristãos no mundo inteiro que são de alguma forma perseguidos por causa de sua fé: seja no seu trabalho, ou na vida social, não tendo o às mesmas condições sociais que os demais em seu país, perseguição moral, perseguição psicológica, perseguição física. O mesmo relatório explica que hoje, em média, quinze cristãos são mortos por dia no mundo por causa de sua fé. Pelo simples fato de serem cristãos. É o ecumenismo de sangue, o sangue de protestantes, católicos e ortodoxos se misturam por amor a Jesus…
No início de 2025, a perseguição continua: em 14 de fevereiro desse ano, 70 cristãos foram encontrados decapitados na República Democrática do Congo, no território de Lubero, no nordeste do país. Foram mortos enquanto rezavam em uma igreja.
Nossos irmãos, dos quais nos orgulhamos por sua fidelidade até o extremo do amor, como reagem aos que os perseguem? Graças a Deus temos o testemunho de um deles que não chegou a ser morto. Esse testemunho ilustra o de muitos que morreram rezando pelos seus perseguidores. Trata-se do padre redentorista greco-católico Bohdan Heleta.
“O que me ajudou a resistir? É simples: Deus.” O sacerdote greco-católico Bohdan Heleta, da Congregação dos Redentorista, afirmou isso de forma simples e direta durante um recente encontro on-line com a mídia do Vaticano, falando sobre sua experiência no cativeiro russo.
Padre Heleta, juntamente com seu confrade, padre Ivan Levytskyi, foi preso em 16 de novembro de 2022 na cidade de Berdyansk, no sul da Ucrânia. Naquela época, a cidade estava sob ocupação russa há nove meses.
O encontro on-line com o Pe. Bohdan na quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025, com a participação do núncio apostólico na Ucrânia, arcebispo Visvaldas Kulbokas, foi organizado no contexto do terceiro aniversário da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia. Nesse encontro, o padre Bohdan dá seu testemunho.
O religioso redentorista enfatizou que a motivação que lhe permitiu ar a dor foi oferecê-la para “salvar os inimigos”. “E agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estar lá”, mesmo que, como itiu, “tenha sido muito difícil em um ambiente de desprezo brutal pela pessoa humana, onde se tem a constante sensação de se estar em um lugar de morte. Em tal ambiente, a pessoa só quer morrer. Nenhum dos prisioneiros tem medo da morte, o que eles temem é serem torturados em seus corpos, serem maltratados. Agradeço a Deus por ter-me dado forças para unir essas torturas a Cristo, ao seu sofrimento, ao caminho de Cristo. E isso não é mérito meu, mas somente do Senhor. É nessa fraqueza que Ele dá força. Ali percebia a oração da Igreja, a Igreja em todas as suas dimensões. Não sei como explicar… Na verdade, essa é a resposta para a pergunta sobre o que me ajudou a resistir. É simples: Deus. E eu sou muito atormentado pelo fato de que outros prisioneiros que não conheciam Deus, não conseguiram ar tudo e houve casos de suicídio e outras coisas dolorosas. Tudo isso ficará na minha memória e nunca poderei esquecer aqueles gemidos, aquelas agonias, todo tipo de maus-tratos. Mas também dedico isso à salvação dos outros, para testemunhar que somente Deus pode nos santificar se damos um o da escuridão para a luz.» (Entrevista à mídia Vatican News em 22 de fevereiro de 2025)
“Padre Bohdan conta ter pedido permissão ao monitor da caserna (um prisioneiro nomeado pela istração da colônia) para fazer uma breve oração pela manhã e à noite. “Ele concordou – disse o religioso – mesmo correndo um risco. Então, durante cinco minutos pela manhã, antes de sair, fazíamos uma breve oração e líamos o Evangelho. E a mesma coisa à noite antes de dormir. Até hoje fico surpreso como isso foi possível, porque era perigoso. Agradeço a Deus por ter conseguido fazer isso.”
Durante a conversa com o padre Bohdan Heleta, os jornalistas da mídia do Vaticano ficaram impressionados com a paz interior que irradiava. Apesar de tudo o que havia vivenciado durante o ano e meio de sua prisão, ele não usou uma única palavra de acusação contra seus carcereiros quando relatou tudo o que lhe aconteceu e testemunhou na prisão.
“O Senhor Deus cura tudo com sua graça. Uma pessoa que está em graça – observou o sacerdote – não pode usar palavras de insulto ou ódio em resposta. Embora, ito, tenha havido momentos de desespero, não era um desespero total… Era uma tristeza profunda: um sentimento de não querer mais nada. A gente só quer deixar este mundo. É triste que pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus sejam capazes de fazer tais coisas. E muitos deles acreditam que estão fazendo o bem. Mas como se pode fazer o bem torturando alguém?”(Entrevista à mídia Vatican News em 22 de fevereiro de 2025)
Ao vermos esses testemunhos, vemos se cumprir as palavras de Santa Catarina de Sena, relativas aos cristãos dos últimos tempos: « Tudo o que Deus permite, eles aceitam com um grande respeito, se julgando ainda indignos dessas dores, desses escândalos e dessa falta de consolação. Eles conheceram e espreitaram a eterna Vontade de Deus que quer apenas nosso bem e nossa santificação. E é por isso que Deus lhas revela. Toda perseguição que o mundo e os demônios lhes fazem caem sob seus pés: eles estão nas águas profundas da provação, mas sustentados pelos galhos dos ardentes desejos, não se afogam. Eles se alegram por cada Cruz, se julgando ainda indignos de serem servos de Deus e até mesmo servos de toda criatura. »
Não esqueçamos no ocidente os mártires da honra, pois são ridicularizados por serem cristãos; outros são perseguidos no trabalho, médicos que recusam o aborto, casais que permanecem abertos à vida, mesmo que tenham que viver uma vida mais modesta. Famílias numerosas, que testemunho! Em um mundo individualista, permanecem abertas à vida e ao dom de si mesmas!
Nesse terceiro milênio, continua a ressoar o grito de São João Paulo II: « Não tenhais medo! Abram, escancarem suas portas a Cristo! Assim Ele vos purificará, vos curará! » Sejamos dignos da santidade de todos os que nos precederam. Digamos sim à Graça do Senhor que quer fazer, também de nós, grandes santos nesse início de terceiro milênio. Santos cheios do Amor de Deus, como nos convida o Santo Padre Francisco. Nos disse o Santo Padre na sexta-feira santa de 2015: « Hoje nós vemos muitos irmãos perseguidos, decapitados e crucificados pela sua fé em Ti! Homens e mulheres são presos, condenados e até mesmo mortos simplesmente porque creem em Cristo. Eles não têm vergonha da Cruz. São para nós magníficos exemplos! » Terceiro milênio, milênio do Amor de Deus!
Enfim, lembremo-nos da oração que a venerável Martha Robin fez à Santíssima Virgem: « Jesus não faz nada sem utilidade, e tudo por amor. Se nos envia todos os dias novas dores, e dores ainda maiores, é porque Ele tem propósitos que desconhecemos. Virgem pura e bela, do seio de vossa celeste glória, ajudai, nós vos suplicamos, para que vossos humildes servos repousem amorosamente no Coração de Jesus, mesmo que faça noite, mesmo que pareça que foram abandonados… »
Por Daniel Ramos
Os Cristãos Perseguidos No Século XXI e a resposta da Igreja 6t474x
A Escola de Doutrina Social da Igreja aprofundará o tema dos “Mártires contemporâneos” no próximo sábado, 12 de abril. Participe de forma gratuita.
Data: 12 de abril (sábado)
Horário: 16h
Onde: Via Zoom (exclusivo para alunos) e transmissão gratuita no YouTube
Presença confirmada: Marco Mancaglia, da Ajuda à Igreja que sofre, direto da Alemanha.
Acompanhe ao vivo;